Escrito por: Givanildo Matias - Fisiologista
Vivemos atualmente na era do sedentarismo. A cada dia as pessoas estão diminuindo suas atividades físicas cotidianas e ao mesmo tempo aumentando a ingestão de alimentos calóricos e pouco nutritivos.
Segundo números do IBGE, o sobrepeso vem aumentando ano a ano e hoje atinge mais de 30% das crianças entre cinco e nove anos de idade, e cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos.
Os números também evidenciam a causa do crescimento de vários problemas que antes eram encontrados apenas na fase adulta como hipertensão, complicações cardíacas, diabetes, colesterol, entre outros. Além desses sintomas fisiológicos, existem alterações comportamentais porque a cobrança pela estética feita pela sociedade começa desde cedo e as crianças que não se encontram dentro dos "padrões" sofrem com algum tipo de preconceito ou até mesmo exclusão do grupo que frequenta.
Ao contrário do que muitos pensam nem sempre a culpa é da genética. Filhos de pais obesos têm 10% de chances de serem obesos, o que prova que a influência hereditária não é tão grande quanto se imaginava. O grande vilão é a "transferência cultural", pois filhos de pais que não fazem atividades físicas e se alimentam mal, tendem a assumir os mesmos hábitos dos pais.
No passado, para crianças e adolescentes o ano demorava muito para passar. Hoje, o cenário é bem diferente. Tornou-se comum ouvir de crianças e adolescentes a frase "nossa, como o ano passou rápido". Isso acontece porque estes estão cada vez mais atarefados com uma carga horária maior na escola e fazendo cursos diversos.
Além disso, a era da tecnologia favorece que crianças e adolescentes passem horas do seu dia usando computadores e brincando com videogames. Não se pode descartar também a falta de segurança como outro fator que favorece o sedentarismo. Antes, crianças e adolescentes praticavam atividades físicas na rua por meio de jogos e brincadeiras que foram praticamente extintos.
Diminuição do acervo motor: nessa fase da vida eles estão mais propensos a realizar, assimilar e armazenar em seu sistema nervoso central, novos gestos e movimentos motores que na fase adulta contribuirão muito na realização dos mais variados tipos de atividades físicas ou esportivas;
Conflitos na socialização: de uma forma geral, a prática esportiva pode unir as pessoas, por isso crianças e adolescentes que não possuem esse hábito podem perder uma grande oportunidade de estreitar laços de amizades e fazer parte de grupos diferentes;
Aumento do peso: crianças e adolescentes que não praticam nada, provavelmente têm ou terão um impacto negativo no peso corporal, que ocorre pelo acúmulo maior de calorias;
Desvios posturais: a prática de uma atividade física regular pode evitar anormalidades posturais, além de baixa flexibilidade e pouca força muscular;
Risco de doenças: 70% das doenças que mais matam no mundo inteiro estão relacionadas ao estilo de vida e são diretamente provocadas pela obesidade.
No geral, esse público não tem muita paciência para atividades cíclicas ou repetitivas, as quais acham chatas e desmotivantes. A melhor opção é desenvolver atividades que sejam desafiantes, lúdicas e que possam contribuir em melhorias nas principais capacidades físicas, como:
Coordenação motora e equilíbrio: no geral são atividades físicas mais complexas e desafiadores, que demandam aprendizagem, caso da natação, do futebol, do balé, do handebol, do basquetebol, da ginástica olímpica, dos exercícios funcionais e das gincanas e brincadeiras.
Força muscular: o trabalho muscular pode ser feito usando acessórios ou máquinas de musculação. Porém, o melhor método é o circuito, pois ele dá a impressão de que o tempo passa mais rápido.
Flexibilidade: o alongamento tem de ser feito de uma forma diferente porque crianças e adolescentes não têm paciência. Uma das melhores alternativas é o alongamento dinâmico, onde é possível desenvolver a flexibilidade sem precisar ficar parado, tendo que manter um determinado movimento por alguns segundos.
Aptidão cardiorrespiratória: essa é uma atividade que traz benefícios para o coração e também uma grande contribuição para a diminuição do peso. Uma boa opção é andar de bicicleta, patins ou skate, praticar natação ou outras atividades esportivas, em geral. Esteira, bicicleta ergométrica e elíptico também são uma boa opção, mas precisam de um método de trabalho diferenciado para não se tornarem repetitivas.
Devido à dificuldade de encontrar locais que promovam um trabalho especializado para essa faixa etária, alguns pais têm investido em profissionais de educação física especializados, que atuam como personal trainers para crianças e adolescentes, realizando um trabalho individual ou até mesmo em grupo.
Esses profissionais estão aptos a reproduzir o que era feito antigamente, mas de forma organizada, lúdica e com um objetivo específico: respeitar as condições de cada um.